Trabalhar de frente para o mar, fechar contrato entre uma rajada de vento e outra, e ainda encaixar uma sessão de kite no meio da tarde. Isso parece utopia de foto no Instagram, mas para quem trabalha online e sabe escolher bem o destino, vira rotina possível.
Neste artigo, vou te mostrar 5 kitesurf spots no Brasil que têm duas coisas que importam muito para empreendedores digitais: vento consistente e estrutura mínima para trabalhar remoto (internet, hospedagem, custo de vida ok e comunidade).
Não é um guia turístico. É um guia estratégico: onde você consegue realmente trabalhar, atender clientes, rodar campanhas… e, claro, velejar quase todo dia.
O que um empreendedor digital precisa em um kite spot
Antes dos destinos, vamos alinhar os critérios. Nem todo lugar com vento bom é bom para laptop.
Para cada spot, vou considerar:
- Internet: Wi-Fi das pousadas, 4G/5G, estabilidade para calls em vídeo.
- Infra de trabalho: cafés tranquilos, espaços silenciosos, cadeiras decentes, tomadas.
- Custo de vida: se dá para ficar um mês sem explodir o orçamento.
- Comunidade: outros kitesurfistas, nômades digitais, empreendedores.
- Qualidade do kite: vento, água, nível do mar ou lagoa, época do ano.
Guarda esse “checklist mental”, porque ele vai te ajudar a escolher o spot que mais combina com seu momento de negócio e estilo de vida.
Cumbuco (CE): o “hub” acessível para começar
Se você nunca trabalhou remoto na praia e quer testar o lifestyle, Cumbuco é uma excelente porta de entrada. Fica a ~35 km de Fortaleza, ou seja, você tem um kite spot de nível internacional a menos de uma hora de um grande centro.
Por que Cumbuco é bom para empreendedores digitais:
- Internet: boa disponibilidade de fibra ótica nas pousadas e casas de temporada. 4G da Claro, Vivo e TIM costuma segurar bem chamadas em vídeo.
- Acesso fácil: desce no aeroporto de Fortaleza, pega um transfer e em menos de 1h você está na areia.
- Estrutura: muitos restaurantes, mercados, farmácias e até opções de coworking informal em cafés e pousadas mais “work friendly”.
- Comunidade internacional: muito europeu e sul-americano que vem para temporadas de kite. Networking rola naturalmente no café da manhã da pousada.
Como organizar a rotina em Cumbuco:
- Trabalhar pesado das 7h às 12h, quando o vento ainda está mais fraco.
- Kite das 13h às 17h, quando o vento costuma entrar mais forte e constante.
- Responder e-mails leves, planejar e revisar tarefas à noite, depois do jantar.
Ponto de atenção: na alta temporada (agosto a dezembro), os preços sobem bastante e a vila fica cheia. Se o seu trabalho exige silêncio para foco profundo, escolha pousadas um pouco mais afastadas do centrinho ou alugue casa em área mais residencial.
Jericoacoara & Preá (CE): lifestyle de cartão postal, com foco e vento forte
Jericoacoara é famosa no mundo inteiro. O que muita gente não sabe é que, para trabalhar remoto, o jogo muda um pouco: o vilarejo do Preá, a poucos quilômetros de Jeri, costuma ser mais interessante para empreendedores digitais que querem rotina consistente.
Por que Jericoacoara/Preá valem a pena:
- Vento absurdo de agosto a dezembro: se o seu objetivo é progredir muito no kite, aqui é quase um “campo de treinamento”.
- Preá é mais silencioso: ótimo para quem precisa conciliar trabalho profundo com sessões de kite.
- Boas pousadas com estrutura: algumas já pensadas para nômades digitais, com Wi-Fi forte, estações de trabalho e até salas para calls privadas.
Como fica a internet:
Em Jericoacoara em si, a internet pode variar bastante. Em Preá, pousadas voltadas ao público internacional costumam investir em conexões mais estáveis (fibra ou múltiplos links de backup). Uma boa prática é:
- Antes de reservar, perguntar a velocidade do Wi-Fi (pede print do teste de velocidade).
- Ter um chip 4G de outra operadora como backup.
- Usar aplicativo de bonding (como Speedify) se você faz muitas videochamadas.
Estratégia de trabalho que funciona por lá: deixar reuniões síncronas concentradas em horários de menor uso de internet (cedo de manhã ou à noite), e usar o período da tarde para tarefas assíncronas, que não dependem de chamadas em tempo real.
Barra Grande (PI): vila tranquila, foco alto e vento consistente
Barra Grande, no Piauí, ainda é menos explorada do que Cumbuco ou Jeri, mas vem se tornando um dos queridinhos de kitesurfistas que também trabalham remoto. A vibe é mais calma, mais “pé na areia” e menos turística de massa.
Por que Barra Grande é interessante para quem empreende online:
- Ritmo desacelerado: menos distrações, ótimo para quem quer produzir conteúdo, programar, desenhar estratégias de marketing… sem tanta interferência externa.
- Custo de vida relativamente mais baixo que outros hotspots ultra-famosos.
- Comunidade de longo prazo: é comum encontrar gente que fica 1, 2 ou 3 meses direto.
Internet e trabalho:
Muitas pousadas já oferecem Wi-Fi razoável, mas a melhor estratégia é:
- Escolher hospedagem que declare claramente que recebe nômades digitais.
- Ter modem 4G ou roteador portátil como plano B.
- Levar um bom fone com cancelamento de ruído, porque algumas pousadas têm áreas de convivência mais vivas.
Rotina sugerida em Barra Grande:
- Manhã: blocos de foco de 90 minutos para trabalho intenso (copy, código, planejamento).
- Início da tarde: kite session.
- Fim de tarde: revisão de métricas, organização de tarefas do dia seguinte, follow-ups rápidos com clientes.
Se você está em fase de projeto que exige pensar estratégia de médio prazo (redesenho de site, lançamento de produto, reestruturação de funil), a combinação de calmaria da vila + kite diário ajuda muito a oxigenar ideias.
São Miguel do Gostoso (RN): mistura ideal de estrutura, vento e comunidade
São Miguel do Gostoso, no Rio Grande do Norte, é um spot que equilibra bem estrutura de cidade pequena com vibe de vila de kitesurf. Não é tão isolado, mas também não é urbano demais.
O que torna Gostoso atraente para nômades e empreendedores:
- Boa oferta de pousadas e casas de temporada com Wi-Fi decente.
- Restaurantes e cafés onde dá para abrir o notebook sem ser “o esquisito” da mesa.
- Proximidade de Natal (~110 km), o que facilita logística (aeroporto, serviços, compras maiores).
Internet e calls com clientes:
Em geral, é possível manter reuniões em vídeo sem grandes problemas, principalmente em hospedagens com fibra. Algumas dicas práticas:
- Se você tem lançamentos ou lives marcadas, teste a conexão no mesmo horário em dias anteriores.
- Mantenha um roteiro offline da sua apresentação, caso a conexão oscile e você precise adaptar.
- Grave alguns conteúdos-chave localmente (vídeos curtos, tutoriais) para subir depois, quando a conexão estiver melhor.
Estilo de rotina que funciona em Gostoso: é um lugar bom para dividir o dia em dois “turnos” bem definidos. Exemplo:
- Turno 1 (manhã): tarefas de alta energia mental, decisões estratégicas, criação de conteúdo de profundidade.
- Turno 2 (fim de tarde/noite): gestão de time, respostas de e-mail, acompanhamento de métricas, relatórios.
Entre esses dois blocos, você encaixa o kite como “reset mental”. Não é só lazer: é uma ferramenta para voltar mais focado, principalmente se você trabalha com criação ou decisão constante.
Ilha do Guajiru (CE): spot para performance e deep work
A Ilha do Guajiru, no Ceará, é muito conhecida entre kitesurfistas que buscam lagoa com água mais flat e vento forte. Para quem trabalha remoto, é o clássico caso de lugar ideal para quem quer combinar alta performance no kite com períodos longos de foco intenso.
O que você encontra na Ilha do Guajiru:
- Vento extremamente consistente durante a temporada.
- Estrutura mais enxuta: pousadas, alguns restaurantes, poucas distrações.
- Ambiente tranquilo: perfeito para quem está desenvolvendo produto, escrevendo livro, gravando curso, etc.
Internet: dá para trabalhar?
Sim, mas aqui a preparação faz toda a diferença. Algumas pousadas investem em bons links, outras nem tanto. Por isso:
- Pesquise pousadas específicas que mencionam “remote work friendly” ou “digital nomads”.
- Leve pelo menos dois chips de operadoras diferentes.
- Planeje tarefas offline: edição de vídeo, escrita de e-books, organização de arquivos, produção de roteiros.
Como usar a Ilha do Guajiru estrategicamente:
É um ótimo lugar para fazer “sprint” de projeto. Por exemplo:
- 2 semanas dedicadas a construir a nova versão do seu site.
- 1 mês para gravar e estruturar um curso online inteiro.
- 3 semanas para criar e testar um novo funil de vendas, com foco total.
A lógica aqui é simples: menos estímulos externos = mais profundidade de trabalho. O kite entra como recompensa diária e como forma de manter a sanidade mental durante períodos de produção intensiva.
Checklist prático antes de escolher seu próximo kite spot
Independente do destino (Cumbuco, Jeri/Preá, Barra Grande, Gostoso, Ilha do Guajiru), alguns cuidados vão evitar dor de cabeça e garantir que o “trabalho à beira-mar” funcione na prática, e não só na foto.
Antes de reservar:
- Confirme a época de vento do lugar (melhores meses, intensidade média).
- Peça teste de velocidade do Wi-Fi para a pousada (ping, download, upload).
- Veja reviews de outros nômades digitais ou kitesurfistas que citam internet e ambiente de trabalho.
- Cheque se há mercados, farmácias e bancos razoavelmente próximos.
Equipamentos que valem o investimento:
- Notebook leve e confiável.
- Fone com cancelamento de ruído (para calls e foco em ambientes compartilhados).
- Roteador 4G portátil e pelo menos dois chips (operadoras diferentes).
- Extensão e filtro de linha (tomadas podem ser disputadas).
- Backup em nuvem sempre atualizado (caso haja qualquer problema com equipamento ou energia).
Organização da rotina:
- Definir horários fixos de trabalho, mesmo estando na praia.
- Concentrar tarefas críticas em horários de internet mais estável.
- Reservar blocos específicos para kite, sem culpa, como se fosse academia agendada.
- Manter comunicação clara com clientes e time sobre fuso horário e disponibilidade.
Transformando o kite spot em estratégia de negócio
Trabalhar de um kite spot não é só “mudar o fundo da chamada no Zoom”. Se você fizer com intenção, isso pode virar parte da sua estratégia de negócio e de marca.
Algumas ideias práticas:
- Conteúdo autêntico: mostrar bastidores da sua rotina (kite + trabalho) em vez de só fotos posadas. Isso atrai clientes que valorizam liberdade e performance.
- Networking internacional: muitos desses spots recebem empreendedores de vários países. Um café pós-session pode virar parceria, cliente ou collab.
- Reposicionamento pessoal: se você vende serviços ou infoprodutos ligados a liberdade geográfica, viver esse estilo com consistência dá muita credibilidade.
- Recarga criativa: usar períodos em kite spots como “ciclos criativos”: 1 ou 2 meses por ano dedicados a criar algo grande, longe do barulho da cidade.
E, principalmente, é uma forma de testar na prática se o seu modelo de negócio é realmente adaptado para o trabalho remoto. Se você não consegue manter a operação funcionando bem por 30 dias em Cumbuco, por exemplo, provavelmente não é culpa da praia. É do modelo, dos processos ou da forma como você organiza o trabalho.
Escolha um dos spots, defina datas, monte seu plano de trabalho + kite, prepare a infraestrutura digital e vá testar. No pior cenário, você volta com mais clareza sobre o que precisa ajustar no negócio. No melhor, você descobre que dá para escalar resultados enquanto pega vento constante na 9m quase todo dia.